— Não tenho medo de morrer. Só
acho uma pena, quando ainda tenho tanta coisa a fazer, para ver, tanto
filho para ajudar, tanto neto. Mas não posso lutar contra o inevitável —
disse Chico ao GLOBO em maio de 2011.
O humorista estava
internado desde 22 de dezembro de 2011, em decorrência de uma hemorragia
digestiva. Na ocasião, ele respondeu bem ao tratamento e saiu da
unidade intensiva, mas acabou retornando aos cuidados especiais devido a
uma pneumonia. No início de março, o quadro clínico de Chico chegou a
dar esperanças à família. Em sua página no Twitter, a mulher do
humorista, Malga Di Paula, comentava que ele estava muito melhor.
Segundo ela, o comediante, ainda no CTI, tinha assistido na TV a
partidas de seu time, Vasco da Gama, e conseguido se sentar. Porém, no
último dia 20, o seu estado piorou. Chico apresentou disfunções
respiratória e renal e voltou a respirar com a ajuda de aparelhos em
tempo integral.
Esta foi a terceira internação do humorista num
período de menos de dois meses. No dia 30 de novembro de 2011, ele foi
levado ao hospital em função de uma febre alta. Durante a internação,
foi descoberta uma contaminação por fungos, tratada com antibióticos.
Antes, ele havia deixado o hospital no dia 11 de novembro, depois de
permanecer cinco dias no local por causa de fortes dores nas costas.
No
começo do ano passado, o artista teve problemas cardiorrespiratórios e
ficou no hospital por quase quatro meses. Durante os 110 dias, o
humorista esteve por 78 deles num CTI, sendo que em coma induzido por
22. Chico se recuperou a tempo de comemorar seus 80 anos em casa, no dia
12 de abril de 2011.
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho
nasceu em 12 de abril de 1931, em Maranguape, no Ceará, e veio para o
Rio de Janeiro, com a família, aos 7 anos. Mudou-se com a mãe e três
irmãos. O pai permaneceu em sua cidade natal para tentar refazer a vida
como construtor de estradas de rodagem. A família passou a viver numa
pensão no bairro do Catete, abrigada em diferentes quartos.
A
ideia inicial de Chico era estudar para ser advogado, mas a veia cômica e
a necessidade de trabalhar mudaram seus planos. O cearense, que ainda
jovem fazia imitações de personalidades, preparou um número com 32 vozes
que o fez ganhar vários concursos de programas de calouros, como o
"Papel carbono", de Renato Murce, e a "Hora do pato", apresentado por
Jorge Cury, ambos da Rádio Nacional.
Aos 17 anos, ele fez um teste
na Rádio Guanabara e ficou em segundo lugar em locução. Trabalhou em
outras rádios nos anos 40 e até o começo da década de 50. Com 19 anos
foi para a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, onde permaneceu por um
ano antes de voltar para o Rio.
O ator trabalhou ainda na Rádio
Clube do Brasil, até que, em 1952, retornou à Mayrink Veiga como autor e
diretor de vários programas ("A Rainha canta", com Ângela Maria; "Rio
de Janeiro a Janeiro"; "Buraco de Fechadura"; "Vai Levando"). Ao mesmo
tempo atuou em atrações estreladas por Haroldo Barbosa, Antônio Maria e
Sérgio Porto, entre outros. E fez o programa que se tornaria um dos
maiores sucessos da rádio, "Escolinha do Professor Raimundo".
Com a
fama no rádio, nada mais natural do que migrar para a TV. Chico levou o
professor Raimundo para a extinta Tupi, onde apareceu pela primeira no
vídeo no programa "Aí vem D. Isaura", de Haroldo Barbosa, estrelado por
Ema D'Ávila. O personagem era um tio da protagonista que vinha do
Nordeste. O ator também esteve em programas de humor como "Noites
cariocas", "O riso é o limite" e "Praça da alegria".
O diretor
Carlos Manga, para quem Chico Anysio já havia escrito 18 chanchadas da
Atlântida, aproveitou o surgimento do videotaipe e propôs ao humorista
gravar um programa com seus personagens. Surgia aí o "Chico Anysio
show", a base dos outros programas que o comediante estrelaria na TV
durante os anos seguintes. Na TV, Chico Anysio passou também pela TV
Excelsior e Record, como uma das estrelas dos programas "Essa noite se
improvisa" e "Vamos Simbora", com Wilson Simonal.
Ele criou mais
de 200 personagens. Com o nome artístico de Chico Anysio, fez
"Espetáculos Tonelux", em 1953, e "O homem e o riso", em 1964. Em 69,
subiu ao palco com o "Chico Anysio só" e foi assistido por 150 mil
pessoas nos oitos meses da temporada. Entre os curiosos tipos que criou,
fizeram sucesso o coronel Pantaleão, Bozó, Alberto Roberto, Salomé,
Painho e Justo Veríssimo.
Chico também escreveu livros de humor,
como "O telefone amarelo", "O batizado da vaca", "A curva do calombo" e
"É mentira, Terta", e o romance "Carapau". Ele também era pintor e
compôs várias músicas, muitas delas registradas por Dolores Duran. Com
Arnaud Rodrigues, formou a dupla Baianos e Novos Caetanos, e gravou um
disco.
O humorista estava na TV Globo há mais de 30 anos, onde
comandou "Chico City", "Chico Anysio Show", "Chico total", "O belo e as
feras" e "A escolinha do professor Raimundo" (criada em 52). Também teve
quadros no "Gente inocente!?" e "Zorra total". Como ator, fez
participações especiais na minissérie "Engraçadinha" e no filme "Tieta".
Torcedor do Vasco e do Palmeiras, na Copa do Mundo de 92, na Itália,
ele engrossou o time de comentaristas da Globo.
Entre as novelas
em que atuou na TV Globo estão "Feijão maravilha" (1979), "Terra Nostra"
(1999), "Sinhá Moça" (2006), "Pé na Jaca" (2006), e "Caminho das
Índias" (2009) - o ator fez uma participação especial na novela de
Glória Perez, no papel de Namit, um diretor de filmes trambiqueiro.
No
cinema, trabalhou em diversos filmes desde a década de 1950, incluindo
"Tieta do Agreste" (1996), e "Se eu fosse você 2" (2008). Mais
recentemente, o humorista poderia ser visto no ar no programa "Zorra
total", como o personagem Bento Carneiro.
O maio brasileiro de todos os tempo " Foi Deus "
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